quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

É preciso aprender a conviver com o zumbido no ouvido
Apesar de não ter cura, tratamentos ajudam pacientes a tolerarem incômodo
Publicado no Jornal OTEMPO em 10/12/2012
 
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FOTO: MARK MITCHELL/ASSOCIATED PRESS - 24.11.2010
O zumbido no ouvido é mais comum em pessoas com mais de 65 anos de idade
Nova York, EUA. Mal sem cura que afeta cerca de 28 milhões de brasileiros, segundo a Organização Mundial da Saúde, o zumbido no ouvido é um som contínuo que tem intensidade, altura e tom variáveis e não tem causa externa. Em vez disso, parece vir de dentro da cabeça da própria pessoa e é ouvido permanentemente. O som se manifesta mais para o paciente em ambientes quietos e pode não ser notado quando a pessoa está distraída - fazendo uma atividade física, por exemplo, ou ouvindo música.

A condição pode ser limitadora e tem predominância entre pessoas com mais de 65 anos, além dos veteranos das guerras do Iraque e Afeganistão. Entre as causas possíveis, estão as lesões de cabeça e pescoço, drogas que danificam a audição, doenças dos vasos sanguíneos, doenças autoimunes, problemas de audição e distúrbios da articulação temporomandibular.

Além dos medicamentos para a audição, o remédio mais comumente prescrito é um chamado aparelho de disfarce. Uma máquina de som neutro que introduz um som natural ou artificial nos ouvidos do paciente, em uma tentativa de suprimir o zumbido percebido. Contudo, eventualmente, o barulho do disfarce pode se tornar tão irritante quanto o do zumbido.

O especialista em reabilitação auditiva do Centro Médico de Administração dos Veteranos, em Portland, James Henry, tem pesquisado o zumbido no ouvido por mais de 25 anos. Ele afirma que sua equipe usa uma abordagem com cinco sessões de terapia, "que cuida de cerca de 95% dos casos". "Muitos veteranos de guerra ficam com o zumbido devido a lesões cerebrais traumáticas, mas o zumbido frequentemente permanece até depois de resolvidas essas outras questões. Nós os ensinamos habilidades que lhes permite administrar o zumbido. Não é uma cura - ninguém tem uma cura - mas conseguimos torná-los capazes de viver normalmente", explica o médico. 
Traduzido por Raquel Sodré
 
NOVIDADE
Sessões de psicoterapia são opção de tratamento
NOVA YORK. A equipe da psicóloga e pesquisadora holandesa Rilana F. F. Cima demonstrou a eficiência de uma abordagem multidisciplinar, baseada na psicologia, para esse problema. A técnica não faz o barulho sumir, mas mostra que há uma esperança real de alívio para as pessoas cujo zumbido atrapalha a habilidade de trabalhar, dormir e aproveitar a vida.

O tratamento de três meses desenvolvido e testado pela equipe holandesa se baseia na terapia cognitiva comportamental e confia nos princípios da terapia da exposição, comprovadamente eficaz no tratamento de fobias.

O método holandês se baseia exclusivamente em técnicas psíquicas. Depois de uma sessão educativa sobre o zumbido e aulas de relaxamento profundo, os pacientes são gradualmente expostos a uma fonte externa do mesmo som que eles ouvem dentro de suas cabeças. Depois de dez ou 20 sessões, eles se tornam habituados a ele e não o acham mais ameaçador.
Não é o barulho em si, mas "a reação extremamente negativa do paciente a ele que cria o dano cotidiano à vida", explica Cima. "Os pacientes ficam constantemente estressados e temerosos com relação ao zumbido", complementa.

Cima comparou essa abordagem à ajuda dada a quem precisa superar o medo de aranhas, por exemplo. Essas pessoas são aplicadas ao relaxamento profundo e, gradualmente, expostas a objetos cada vez mais realistas de seu medo. "Elas podem nunca aprender a amar aranhas, mas podem viver com elas mais confortavelmente", garante a pesquisadora. (JEB/NYT)

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